"Fonoaudiologia é uma arte que merece ser mais amplamente conhecida. Você não pode imaginar as acrobacias que sua língua mecanicamente executa para produzir todos os sons da linguagem”, Jean Dominique Bauby, foi Editor Chefe da Revista ELLE em Paris, após ter um AVE e precisar de tratamento fonoaudiológico.

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domingo, 16 de outubro de 2011

Não é fascinante?

As funções cerebrais, em especial as relacionadas à Linguagem, sempre me fascinam! Por isso, deixo aqui mais uma brincadeira para quebrar a cabeça!!! Decifre o texto abaixo:

35T3 P3QU3N0 T3XT0 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R C0M0 N0554 C4B3Ç4 C0NS3GU3 F4Z3R C01545 1MPR35510N4ANT35! R3P4R3 N155O! N0 C0M3Ç0 35T4V4 M310 C0MPL1C4D0, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO 0 C0D1GO QU453 4UT0M4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1T0, C3RT0? P0D3 F1C4R B3M 0RGULH050 D1550! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3 P4R4B3NS!



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Tympanometry - November 1, 2004 - American Family Physician

Ótimo artigo de revisão bibliográfica sobre a Imitanciometria:

Tympanometry - November 1, 2004 - American Family Physician

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O (meu) maior desafio no diagnóstico em Audiologia



- Emissões otoacústicas ausentes bilateralmente;
- Avaliação do comportamento auditivo com respostas inadequadas para a idade;
- Curva timpanométrica do tipo A bilateralmente;
- Ausência de formação de ondas I, III e V com limiar eletrofisiológico elevado (80dbNA) nos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico...

Fácil para o fonoaudiólogo juntar essas peças e concluir uma perda auditiva do tipo neurosenssorial de grau severo a profundo bilateralmente. Difícil é contar para os pais de um lindo bebê, três meses de vida, sem fatores de risco para a deficiência auditiva, o que tais achados significam.

"Tem que fazer cirurgia?" - a mãe pergunta, me fazendo perceber quão difícil é para os pais montar este quebra-cabeça. Para responder, uma boa idéia é apresentar este audiograma lúdico, que facilita a compreensão da família sobre os diferentes níveis de audição e os prejuízos que uma perda auditiva podem causar, nos diferentes graus e frequências. Veja a figura e entenda você também sobre os níveis de audição!

A Política de Saúde Auditiva de Belo Horizonte recomenda que as crianças que falharam na Triagem Auditiva Neonatal e no Diagnóstico Audiológico Infanfil do Serviço de Audiologia do Hospital Municipal Odilon Behrens sejam encaminhadas para a Junta de Saúde Auditiva de Belo Horizonte. Lá, uma equipe multiprofissional - composta por fonoaudiólogos, otorrinolaringologista, psicólogo, assistente social e outros -  está a disposição para confirmar, detalhar e ajudar a família a receber este diagnóstico para, em seguida, planejar, incentivar e fornecer o melhor tratamento.

Embora seja difícil - tanto para o profissional informar quanto para a família entender - o diagnóstico de qualquer deficiência numa criança, é fácil qualquer um entender que diagnóstico precoce favorece o melhor prognóstico. E é pra isso que estamos aqui! :-)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bem vinda, Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista!

Estou muito feliz com a notícia sobre a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, instituída oficialmente neste 15 de junho de 2011. Certamente, esta conquista é um mérito dos familiares dessas pessoas, que bravamente lutam por melhores tratamentos e bem organizam movimentos de solidariedade pela causa Autista!

Li a redação oficial do projeto de lei e gostei muito. Ofereço meu blog para divulgar esta política; informação dá o poder necessário para que essas famílias busquem os direitos garantidos pela lei. Para ler, clique aqui.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ahhh... amar-mentar!

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Encontrei esse divertido "Quadrinhos" na edição de Out 2004 da Revista Cláudia


Nas minhas primeiras semanas como Fonoaudióloga Residente do Hospital Odilon Behrens, estou vendo de perto as "coisas que ninguém te conta sobre a hora de amamentar o bebê". Realmente, amamentar pode não ser tão fácil como a gente vê na televisão... contudo, as mamães podem encontrar na Fonoaudiologia a ajuda necessária para tornar a amamentação em amar-ment-ação. 

O Fonoaudiólogo orienta as mamães sobre a preparação dos seios, a retirada do leite materno e o posicionamento correto e seguro do bebê para amamentar. Além disso, a atuação fonoaudiológica pode ser destinada diretamente aos bebês com dificuldade de sugar e com dificuldade de coordenar o ritmo de sucção, deglutição e respiração. Em especial, os bebês prematuros e de baixo peso tem dificuldades para amamentar e por isso precisam frequentemente da intervenção fonoaudiológica.


O aleitamento materno é estimulado por inúmeras razões: protege contra diarréia, pneumonia, infecções de vias aéreas, otites, entre outras patologias de risco para a  sobrevivência do bebê; favorece ganhos nos aspectos sócio-econômico e psicológico; estabelece precocemente os laços afetivos entre mãe-bebê; previne a  hemorragia pós-parto; diminui o risco da ocorrência de câncer de mama e de colo de útero; e aumenta a auto-estima da mamãe. O Fonoaudiólogo estimula o aleitamento materno principalmente porque este favorece o desenvolvimento harmônico do aparelho estomatognático, reduz o risco de problemas na fala e dentição, estimula a aquisição de linguagem, e protege contra a ocorrência de perdas auditivas.

Por isso, mamães, não desistam de amar-mentar seus nenéns! Busquem ajuda profissional caso enfrentem quaisquer dificuldades em oferecer o aleitamento materno. 

sábado, 9 de abril de 2011

A Neurologia explica... e a Fonoaudiologia trata a Dislexia

De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. 

Eu coloquei esta brincadeira para iniciar o assunto sobre Dislexia - um transtorno da leitura e escrita em pessoas com inteligência normal e sem défices sensoriais. Algumas pessoas com dislexia baseiam-se na letra inicial e final das palavras para conseguir decifrar a palavra pelo contexto. Nem todas elas obtêm sucesso ou agilidade para fazê-lo. 

Entende-se a dislexia como um funcionamento peculiar do cérebro, e não uma doença. O disléxico tem dificuldade de decodificar as palavras e associar o som com a letra. Boder (1973) distinguiu a dislexia em três tipos, classificando-a de acordo com a tipologia do erro ou da dificuldade: quando ler ou escrever palavras conhecidas não é difícil mas ler ou escrever palavras inéditas é, trata-se de uma dislexia disfonética; quando ler é difícil, trabalhoso, demorado mas correto trata-se de uma dislexia deseidética e, portanto, o problema é de decodificação fonética; Quando ambos sintomas de dislexia disfonética e deseidética estão presentes, trata-se da dislexia mista.


A dislexia deve ser avaliada e tratada por uma equipe multiprofissional, pois a leitura e a escrita são processos complexos que envolvem aspectos neurológicos, sensoriais, psicológicos, sociais, culturais, econômicos, e educacionais. Entre estes profissionais, encontram-se neurologistas, oftalmologistas, psicólogos, pedagogos e fonoaudiólogos. O tratamento fonoaudiológico baseia-se em reforçar todas as habilidades linguísticas, focando na relação fonema grafema,  na associação do som-símbolo-produção, e no jogo com a estrutura das palavras.




Pestun MSV, Ciasca S, Gonçalves VMG. A importância da equipe interdisciplinar no diagnóstico de dislexia do desenvolvimento. Arq Neuropsiquiatr 2002;60(2-A):328-332.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Combate a resistência aos antimicrobianos é o tema preconizado pela OMS no Dia Mundial de Saúde 2011

Promover ações de combate a resistência aos antimicrobianos hoje para garantir a cura amanhã, essa é a campanha da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Saúde 2011, comemorado no dia 07 de abril de 2011. A resistência aos antimicrobianos é a resistência de um microorganismo (vírus, bactérias, fungos e parasitas) à ação de um medicamento, que antes era eficaz para combater uma determinada doença. O descobrimento dos antimicrobianos foi um dos principais
avanços da saúde na história da humanidade, garantindo o tratamento de muitas doenças com o uso de antibióticos, antivirais, alguns agentes quimioterápicos, antiparasitários e antifúngicos. A OMS teme que a resistência aos antimicrobianos torne doenças infecciosas - por exemplo a Aids, a malária e a tuberculose - incontroláveis e provoque futuras epidemias ou até pandemias.

Dentre os fatores causais da resistência aos antimicrobianos, sobressaem o uso exessivo ou errado dos antimicrobianos. Por exemplo, o paciente que não toma toda a dosagem recomendada pelo médico de um anitmicrobianos ou o médico que prescreve um antimicrobiano inadequado ou desnecessário favorecem a resistência dos microorganismos ao protocolo de tratamento.

Várias são as consequências da resistência aos antimicrobianos: o aumento da letalidade das infecções, pois essas tendem a não responder aos tratamentos padrões, aumentando o tempo de doença e a possibilidade de morte;  a dificuldade de controlar as infecções, pois o indivíduo que permanece mais tempo doente pode transmitir a mais pessoas a infecção; o aumento do custo com a saúde pública, devido a demora em tratar os indivíduos doentes, a ocorrência de mais casos, e a necessidade de utilizar métodos diferenciados e mais caros; o comprometimento da segurança em saúde e das relações internacionais entre os países, pois teme-se que as doenças espalhem mais rapidamente, devido ao crescente intercâmbio de pessoas e comércio entre os países; etc.

resistência aos antimicrobianos é um problema já conhecido há longa data, mas que tem se tornado mais perigoso e que poderá afetar mais gravemente as futuras gerações. . A OMS prioriza o combate a seis dificultadores: 1. vigilância epidemiológica deficiente; 2. medicamentos de baixa qualidade; 3. uso irracional de medicamentos; 4. ausência de controle de infecções; 5. carência de pesquisas na área; 6. descompromisso com a causa. Desta forma, todas as pessoas que usam, precrevem ou produzem antibióticos são responsáveis em combater este problema. Como profissional da saúde, me sinto responsável em aderir a campanha e por isso estou divulgando-a no blog! Como usuária, me comprometo a não interromper, sem indicação médica, qualquer tratamento farmacológico. E você? Identifique onde você pode estar falhando e/ ou como pode contribuir para combater a resistência aos antibmicrobianos.

Visite o website da OMS para mais informações.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

E o Cristo abriu os braços para a causa Autismo

Foto retirada do website Globo.com
Que a beleza e o simbolismo religioso da figura do Cristo Redentor iluminado em Azul, em apoio ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo (2 de abri), tenham inspirado a sociedade a ser mais solidária e consciente com a causa Autista. Em especial, almejo que esta data sensibilize  as pessoas a promoverem a inclusão social da pessoa portadora de Autismo e das famílias que buscam diariamente o melhor tratamento e esperam ansiosamente a descoberta da cura. A busca destas famílias é diária e envolve, sobretudo, muita fé na ciência, força contra o preconceito, investimento de tempo e dinheiro, e superação pessoal para lidar com o desconhecido. Peço aos meus leitores que demonstrem apoio e conhecimento sobre o autismo, em solidariedade às famílias e aos portadores. Para começar, eliminem atitudes preconceituosas e não façam piadas ou rotulem pessoas como se "autista" fosse um adjetivo e não um quadro clínico. Agradeço de coração, em nome de todas essas famílias!

quarta-feira, 9 de março de 2011

(Parte II) Doença de Parkinson, o que todo cuidador deve saber

Baseada na minha experiência lidando com a minha vó, portadora da Doença de Parkinson (DP), atendendo pacientes com este diagnóstico no Centro Clínico de Fonoaudiologia da Puc Minas (Belo Horizonte, MG) e, participando do Grupo de Parkinson do Centro de Referência em Reabilitação Anderson Gomes (Betim, MG) quero dar alguns conselhos em tópicos que podem facilitar a vida do cuidador e ajudar a melhorar a vida da pessoa portadora desta doença. Se você também tem uma experiência profissional ou pessoal para adicionar à esta lista, compartilhe conosco deixando um comentário! Obrigada :)

16 dicas sobre "Como lidar"

1. Não trate a pessoa como criança, e isso vale para lidar com qualquer idoso. Evite diminutivos, por exemplo: "vamos comer essa comidinha", "quer tomar um banhozinho?"
2. Não use o termo Mal de Parkinson, diga Doença de Parkinson.
3. Ofereça os medicamentos no horário certo, seja consistente.
4. A face em máscara faz parte da DP, não ache que o portador está mal humorado ou está lhe ignorando. Estimule os sorrisos, de maneira natural, para isso basta levar a vida com humor e alegria!
5. Não peça para o portador se apressar. Devagar e sempre! A lentidão de movimentos faz parte do quadro.
6. Os efeitos da medicação podem ser intermitentes, ou seja, podem funcionar em determinados períodos (on) e em outros não (off). Estabeleça horários para as atividades de vida diária quando o portador estiver sob o efeito da medicação, por exemplo: comer, tomar banho, sair, fazer os exercícios terapêuticos, em especial os fonoaudiológicos ;o)
7. Se o portador parecer congelado ou anestesiado ou prostado, tente o seguinte: mudar o peso do corpo de um lado para o outro, marchar parado no mesmo lugar, pisar em uma linha imaginária, cutucar gentilmente o braço, contar os passos em um espaço delimitado, dançar com ele sentado na cadeira;
8. Comunique ao médico todas as mudanças de atitude, personalidade e de funções (comer, respirar, andar, etc);
9. Una a família, demonstre o apoio!
10. Conte casos de pessoas com a doença que estão vivendo bem!
11. Não permita o isolamento do portador de DP, em especial nas reuniões familiares e no momento de alimentar-se. A princípio ele poderá se sentir constrangido, tanto pela dificudade com a coordenação motora fina, quanto por necessitar comer em uma consistência diferente e demorar mais que os demais. Leve a situação naturalmente e sempre com bom humor. 
12. Ao oferecer alimento (e isso vale para todos), ajude o portador a manter a postura ereta e não ofereça alimento quando estiver deitado.
13. Não ofereça água, caso a pessoa engasgue. Estimule a tosse ou dê "tapinhas" nas costas.
14. Mantenha-se sempre bem informado, para discutir as melhores alternativas de tratamento com a equipe multiprofissional.
14. Lide com a doença da maneira mais positiva possível, afinal a Doença de Parkinson não tem cura, mas tem tratamento eficaz!
15. Discuta com o médico responsável a eficácia e a indicação de terapias alternativas! Cuidado com as sugestões que ouvir sobre tratamentos alternativos, muitos deles não tem comprovação científica e podem comprometer a saúde do portador de DP!
16. Leia e tenha em casa uma cópia do Guia Prático do Cuidador, elaborado pela Associação Brasil Parkinson. Para fazer o download acesse o link: Download Guia Prático do Cuidador.

domingo, 6 de março de 2011

Doença de Parkinson, o que todo cuidador deve saber

Minha vó está com Parkinson. Ontem fizemos uma reunião em família para esclarecermos o quadro e organizarmos a dinâmica familiar, pois precisamos estar preparados para ajudá-la, em especial para ajudá-la a etender o que está acontecendo com ela. Uma família estruturada é uma aliada no tratamento da Doença de Parkinson e, por isso, a minha primeira sugestão é que, se você está passando por uma situação com esta, você reúna a família para falar sobre a Doença de Parkinson e tomar as medidas necessárias para garantir qualidade de vida para o seu ente querido: organização da rotina, definição de atividades, planejamento financeiro, escolha do tratamento, adequação do ambiente, entre outros.

Como a única da família que trabalha na área da saúde - por enquanto, felizmente temos dois médicos, uma nutricionista e um dentista a caminho - minha parte foi esclarecer o quadro para os demais. Também me prontifiquei a comparacer nas consultas, em especial na fase de diagnóstico, para discutir com os médicos as melhores alternativas de tratamento. Se na sua família não existe alguém que trabalhe na área da saúde, eleja uma pessoa bem articulada para conversar com o médico, o neurologista ou geriatra, para esclarecer o quadro e passar todas as informações para os demais. Lembrando que o neurologista é o "profissional chefe" no tratamento da doença de Parkinson. O geriatra, no caso da minha avó, é também um aliado  muito importante, pois além da doença de Parkinson ela apresenta outras doenças associadas (por exemplo, hipertensão arterial e pulmonar). Este profissioanl ajuda a "gerenciar" tudo que está se passando com ela. A escolha de um bom geriatra para acompanhar o caso é a minha segunda sugestão.

Enfim, você precisa saber o que é a Doença de Parkinson (DP), e, por favor, não é "Mal de Parkinson"  - essa nomeclatura não é mais utilizada pois traz uma conotação negativa ao quadro! 


Conceito


Você também já pode ter ouvido falar o termo Parkinsonismo, que é simplesmente um distúrbio do movimento, sendo este o sintoma mais comum do portador da DP. A DP é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, ficando atrás apenas do Alzheimer; quando digo que é neuro-degenerativa, quero dizer que gradativamente o grau de severidade da doença aumenta e o portador gradativamente se torna mais dependente. A DP  é resultado de uma degeneração dos neurônios da substância negra (uma parte do cérebro) levando à consequente deficiência de um neurotransmissor chamado dopamina, que regula, dentre outras funções, o controle motor do corpo.

Ocorrência


A DP normalmente é diagnosticada no portador com 50-60 anos de idade, é incomum a doença em indivíduos mais novos que 40 anos. A incidência é maior entre homens, do que mulheres. A origem da doença é genética, tendo sido identificados aproximadamente 10 genes autossômicos e recessivos associados à DP. Isso não significa necessariamente que a doença é hereditária, estimou-se que apenas 10-15% de familiares de primeiro ou segundo grau poderão desenvolver a doença. Fatores ambientais que podem causar a doença ainda não foram definidos.

Sintomatologia


A DP é definida pela seguinte quatríade (4) sintomas: rigidez, que é a resistência à movimentação passiva das articulações; bradicinesia ou acinesia, que é a lentidão e escassez de movimentos; tremor, que aparece quando o membro está em repouso; e instabilidade postural, que é dificuldade de manter a postura ereta tendendo a deixar a coluna cair para um lado, sendo este um sintoma tardio. 

Normalmente, os sintomas aparecem primeiro de um lado e depois do outro, sugerindo uma hemiparesia leve. Nos estágios iniciais o portador de DP encontra dificuldade de locomoção, andar torna-se mais lento, e é comum andar arrastando um dos pés e movimentar menos o braço do lado comprometido. Também é comum o portador queixar de dificuldade de sair de carros, levantar de assentos profundos, e rolar na cama. 

Dentre os sintomas da DP, o tremor é o mais lembrado. Esse tremor é bem característico, distinguindo-se de demais tremores por causas adversas, por exemplo emocional. No caso da DP, o tremor acontece caracteristicamente na língua, na mandíbula, na maxila. Este também compromete a coordenação motora fina e a escrita se torna irregular e pequena.

A DP também pode ser nítida pelas características da face: um rosto sem expressão, com pouco ou nenhum senso de animação. Esse quadro é denominado face em máscara, pois é uma cara mais parecida com uma máscara do que com um rosto real. Por essas e outras o exame clínico e o conhecimento da história e queixas do paciente são suficientes para dar o diagnóstico; não existem exames laboratoriais ou de imagem para confirmar o diagnóstico. Às vezes, uma ressonância nuclear magnética pode ser solicitada para excluir demais condições.

Em relação à comunicação, o portador da DP apresenta a voz "baixinha" e a articulação das palavras dificultada. Como fonoaudióloga, eu posso falar bem desta parte. O quadro é definido como disartrofonia: fala monótona, inteligibilidade reduzida, articulação imprecisa, hipofonia. Este quadro já está presente na minha vó, que também se queixa de dificuldade de engolir e de "babar" muito.

A sialorréia, que é o termo utilizado para o excesso de baba, ocorre por causa de outro sintoma fonoaudiológico, a disfagia, que é o distúrbio da deglutição. Caso ocorra disfagia, este sintoma precisa ser tratado com acompanhamento fonoaudiológico, para impedir a ocorrência de pneumonias, engasgos e até sufocamento. Exatamente pela fraqueza da musculatura, em especial  da língua e da laringe, engolir a saliva e comer tornam-se funções difíceis. À saber aos fonoaudiólogos leitores desta postagem: detecta-se, principalmente, estase alimentar na fase oral e disfunção do músculo cricofaríngeo. Normalmente, este quadro não está associado ao início da doença, é mais ocorrer nos níveis IV e V da Doença de Parkinson.


Estágios da Doença de Parkinson

Você precisa saber dos estágios da DP. São cinco os estágios da doença, que variam de acordo com a severidade do quadro, tendo o nível V como mais severo. Veja o quadro.


Tratamento

O diagnóstico de doença degenerativa não significa que o portador e/ ou cuidador irão simplesmente assistir a evolução descontrolada da mesma. A DP, apesar de não ter cura, tem tratamento. Eu acredito que a conduta mais importante do cuidador é apoiar e esclarecer o portador da DP, em especial quando é dado o diagnóstico. Ele precisa entender que o a Doença de Parkinson tem um curso ao longo de décadas, sendo que a taxa de progressão, ou seja a evolução quanto ao nível da doença, varia muito de pessoa para pessoa. Posso citar exemplos de pessoas famosas que há muitos anos vivem, muito bem, com a doença: no Brasil, o ator Paulo José; no mundo, o ator Michael J. Fox. O papa João Paulo II conviveu muitos anos com a DP.

a) Não farmacológico

Várias abordagens de tratamento estão disponíveis para reduzir os sintomas. Uma das abordagens que eu indico são os grupos e associações de suporte aos portadores e ao cuidador.  Eu trabalhei com um grupo de Parkinson em 2006, quando fui estagiária do Setor de Neurologia Adulto do Centro de Referência em Reabilitação Anderson Gomes, em Betim - MG. Foi uma experiência sensacional! Eu vou procurar saber se este grupo ainda existe e se posso incluir a minha avó! Existem dois tipos de grupos: os  de portadores, que podem compartilhar as experiências, realizar exercícios terapêuticos e atividades de lazer em conjunto; e os de cuidadores, que também compartilham experiências entre si e são orientados sobre como cuidar do portador da DP. É importante ressaltar que os grupos que incluem pacientes em estágios mais avançados da doença podem assustar e não serem úteis aos portadores que foram recém diagnosticados.

Diversos profissionais podem ajudar a garantir qualidade de vida ao portador de DP, minimizando os sintomas, re-abilitando-o para realizar as tarefas de vida diária e ter melhor controle sobre o próprio corpo. Dentre eles, ressalto os fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Procure estes profissionais para avaliação e orientações, lembrando que não necessariamente o portador precisará de atendimento sistemático no momento que for feito o diagnóstico. Terapias alternativas também podem ser incluídas. O neurologista da minha avó recomendou para ela, por exemplo, a hidroginástica.

b) Farmacológico

Em relação ao tratamento medicamentoso, um dos artigos (Nutt JG,  Wotten GF. Diagnosis and initial management of Parkinson's disease. N Engl J Med 2005;353:1021-7) que me baseio para escrever esta postagem  coloca muito bem que não necessariamente o diagnóstico da DP preconiza o início da ingestão de medicamentos. O uso destes é recomendado, sob orientação médica, quando o portador está suficientemente incomodado pelos sintomas e deseja a medicação ou quando a doença já está produzindo deficiência. A vontade do portador é uma condição crítica para que seja tomada esta decisão. 

Comumente, o tratamento inicial inclui levodopa, uma droga precursora da dopamina. O objetivo de utilizar a levodopa é realizar a reposição dopaminérgica, ou seja, repor a dopamina que o cérebro não produz mais. Fala-se também da utilização de agonistas dopaminérgicos, ao invés da utilização do levodopa, pois apesar da levodopa ser considerada o tratamento mais eficaz, efeitos colaterais e complicações são comuns no tratamento a longo prazo, dentre eles flutuações do quadro motor e distúrbios neuropsiquiátricos. Agora que eu pesquisei sobre o tratamento farmacológico para a DP, em especial as controvérsias sobre o uso da levodopa, eu quero conversar com o neurologista para ver qual é a melhor medicação e recomendo que você faça o mesmo. Acredito que esta seja uma escolha pessoal e, reafirmo, o tratamento medicamentoso é feito de acordo com a orientação médica e varia de indivíduo para indivíduo.





Fontes 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Deficiências, poema de Mário Quintana


Continuando o assunto sobre Acessibilidade, aproveito para postar esse poema de Mário Quintana e convidar todos a refletirem sobre as verdadeiras Deficiências do ser humano. Compartilhe e sensibilize as pessoas contra o preconceito aos Deficientes.
"DEFICIENTE é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.LOUCO é quem não procura ser feliz com o que possui.CEGO é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria e só têm olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.SURDO é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão, pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.MUDO é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.PARALÍTICO é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.DIABÉTICO é quem não consegue ser doce.ANÃO é quem não sabe deixar o amor crescer.E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois Miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.A amizade é um amor que nunca morre."

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Acessibilidade: um direito de todos; Promover Saúde, um trabalho para todos os profissionais


Quando eu digo que sou defensora da interdisciplinaridade para promover saúde, eu não digo apenas da necessidade de um trabalho articulado entre aqueles considerados os profissionais da saúde - médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, odontólogos, terapeutas ocupacionais, e etc. Arquitetos e Engenheiros, por exemplo, também podem promover a saúde ao priorizar a Acessibilidade em seus projetos.

Quero compartilhar este vídeo, de apenas 36 segundos,  e convidá-los a refetir sobre Acessibilidade. Nos colocando no lugar das pessoas portadoras de deficiência nos sensibilizamos pela causa e podemos sensibilizar os outros quanto a importância de promover ações pessoais e  projetos coletivos que permitam, em especial ao deficiente, o melhor acesso na sociedade e, portanto, a inclusão social.

Em 2004 tive uma fratura do calcâneo e sofri muito com a falta de Acessibilidade, inclusive dentro da minha própria universidade, no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC Minas. A universidade recebe muitos estudantes com necessidades especiais e tenho visto que muitas ações foram realizadas desde então para promover a Acessibilidade. Hoje, neste mesmo instituto, o acesso a todos os andares pode ser feito por meio de rampas. Entretanto, ainda há muito trabalho a ser feito no campus Coração Eucarístico,  construído há aproximadamente 50 anos, quando não se priorizava a Acessibilidade.

Outra experiência, no final de 2010, me deixou indignada. Descobri que na agência da Caixa Econômica Federal da Av. Cristóvão Colombo (Savassi, Belo Horizonte) para se dirigir aos caixas, um dos locais mais frequentados de qualquer banco, é necessário subir escadas. Sou portadora da Síndrome de Dor Patelo Femural e de Sobrecarga; ocasionalmente, tenho crises de dor no joelho e consequente dificuldade para subir ou descer escadas. Não podia subir escadas na ocasião; ao questionar a atendente como era a Acessibilidade daquela Agência ela afirmou, "Não temos". Não somente me senti limitada, como também constrangida, pois aparentemente para a atendente eu não tinha qualquer deficiência visível que me impedisse de me dirigir ao caixa. Foi necessário conversar com o gerente da agência para que ele providenciasse um funcionário que me atendesse no térreo.

A Acessibilidade é um direito de todos. Meu pai é portador de Hérnia de Disco, um distúrbio na coluna vertebral. Ele sempre enfrenta dificuldades e precisa justificar aos outros a necessidade de melhores condições de acesso. Eu poderia continuar esta postagem listando vários casos de pessoas que sofreram, sofrem e vão sofrer com a falta de acesso. Vou finalizá-la, entretanto, convidando todos os profissionais à promover  Saúde. Em especial, convido os advogados, conhecidos como defensores públicos, para garantir o acesso de todos.

E você? Como você pode promover saúde, em especial a Acessibilidade? Compartilhe experiências!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A relação da Audição com a Fala, por que o "surdo" é "mudo"?

A audição é pré-requisito para o desenvolvimento da linguagem oral, pois é escutando que o bebê aprende a falar. Muita gente ainda pensa e diz que "todo surdo é mudo". A verdade é que o portador de deficiência auditiva muitas vezes não fala porque não recebeu os estímulos auditivos necessários para desenvolver a linguagem oral - e não porque existe um problema anatômico no aparelho fonoarticulatório (boca, língua, pregas vocais, etc).

Gostaria de apresentar uma escala de habilidades (Ruth Griffths, 1954) do desenvolvimento normal da função auditiva associada ao desenvolvimento da linguagem oral. Ela pode ser útil aos profissionais, em especial educadores e pediatras, que acompanham o desenvolvimento geral da criança. Aos pais, esta escala também é útil para reconhecerem como está o desenvolvimento de seus filhos. O Fonoaudiólogo é o profissional indicado para avaliar a Linguagem e a Audição da criança, caso seja observado que ela não está realizando as habilidades esperadas para a faixa estária em que se encontra.

PRIMEIRO ANO DE VIDA

Primeiro trimestre
1. O bebê assusta-se com sons.
2. É aquietado pela voz da mãe.
3. Produz sons murmurados, além do choro.
4. Escuta un sino tocando em intensidade baixa, perto dele.
5. Produz ruídos definidos, uma sílaba.
6. Procura os sons com movimentos oculares.
7. Escuta música.
8. Produz dois ou mais sons diferentes.

Segundo trimestre
1. Procura o som com movimentos de cabeça.
2. Ri alto.
3. Vira sua cabeça deliberadamente para sinos.
4. Presta atenção ao som de um diapasão.
5. Gorgeia ou pára de chorar quando ouve música.
6. Fala ou balbucia para as pessoas.
7. Manipula o chocalho.
8. Produz quatro ou mais sons diferentes (sons simples separados ou sílabas).

Terceiro trimestre
1. Responde quando é chamado.
2. Usa balbucio de duas sílabas.
3. Grita para chamar a atenção.
4. Escuta com atenção a uma conversa.
5. Usa tons de canto.
6. Usa frase balbuciadas de quatro ou mais sílabas.
7. Diz mama ou dada. Emite uma palavra de modo claro.
8. Escuta com atenção o despertador.

Quarto trimestre
1. Meneia a cabeça para dizer "não".
2. Diz duas palavras claras.
3. Usa balbucios curtos com significado, com sentenças.
4. Toca o sino.
5. Reage à música vocalmente.
6. Balbucia monólogos quando está sozinho.
7. Emite três palavras de modo claro.

SEGUNDO ANO DE VIDA

Primeiro trimestre
1. Tenta cantar.
2. Olha figuras durante pouco tempo.
3. Sabe seu próprio nome.
4. Gosta de cantigas com rimas e "jingles".
5. Emite quatro ou cinco palavras claramente.

Segundo trimestre
1. A criança identifica um objeto numa caixa, quando este é nomeado.
2. Emite seis ou sete palavras claramente.
3. Produz longas conversas balbuciadas, com algumas palavras claras.
4. Entretém-se com um livro de figuras.
5. Identifica dois objetos numa caixa.
6. Emite nove palavras claramente.

Terceiro trimestre
1. Identifica quatro objetos numa caixa.
2. Possui um vocabulário de 12 palavras claras.
3. Vocabulário de figuras _ nomeia uma palavra.
4. Emite combinações de palavras.
5. Vocabulário de figuras - duas figuras são nomeadas.

Quarto trimestre
1. Escuta atentamente as estórias
2. Vocabulário - 20 palavras claras.
3. Nomeia quatro brinquedos.
4. Produz sentenças de quatro ou mais palavras.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Conhecimentos Básicos em Saúde Coletiva

O Ministério da Saúde desenvolveu a cartilha "Entendendo o SUS" que reúne informações básicas sobre o Sistema Único de Saúde do Brasil. A leitura é agradável e dinâmica. Vale a pena conferir para revisar alguns conceitos e entender a dinâmica de atendimento do SUS, especialmente aqueles que estão estudando para concursos públicos de saúde.

Quem quiser fazer o download, basta acessar este link: Entendendo o Sus