"Fonoaudiologia é uma arte que merece ser mais amplamente conhecida. Você não pode imaginar as acrobacias que sua língua mecanicamente executa para produzir todos os sons da linguagem”, Jean Dominique Bauby, foi Editor Chefe da Revista ELLE em Paris, após ter um AVE e precisar de tratamento fonoaudiológico.

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domingo, 9 de dezembro de 2012

Fonoaudiologia, O Sucesso é para os Fortes

09 de Dezembro, Dia do Fonoaudiólogo. Como bem colocou Jean Dominique Bauby em "O Escafândro e a Borboleta", "a Fonoaudiologia é uma arte que merecia ser mais amplamente conhecida". Mas, ela necessita também ser bem mais valorizada. Tem gente que nem sabe dizer ou escrever a palavra Fo-no-au-di-o-lo-gia... Quantas vezes não recebi encaminhamentos de colegas endereçados ao "Fonodiólogo" ou "Fonadiólogo"?

Eu mesma era uma das quem não sabia sequer o que fazia o Fonoaudiólogo quando marquei no vestibular a opção que hoje me traz aqui. Quem sabe o que quer fazer da vida aos 16 anos? Poucos - e eu não era uma dessas. Só sabia que queria cuidar de gente. Eu odiava química (e sangue); Medicina não era para mim. Então, precisei dos conselhos da diretora da escola no programa de orientação vocacional. Ela sabia que eu tinha jeito com crianças e, naquela época, a ciência da reabilitação estava em alta. Eu sabia também que não queria fazer Fisioterapia porque essa era a opção da maioria e eu queria, como sempre, ser diferente! Era fundamental também que a universidade escolhida fosse em outra cidade, no mínimo na capital do estado! Dei uma olhada na grade curricular do curso sugerido pela diretora pedagógica e me atraíram as palavras Voz, Linguagem, Motricidade Orofacial, Linguística... Isso foi o suficiente para marcar o X e seguir.

No último ano de curso, eu tinha, assim como todos colegas, muito medo do que iria encontrar fora da Universidade. Ora! A reabilitação estava na moda na época em que eu entrei na faculdade; depois de quatro anos, haviam muitos (muitos mais, mesmo!) profissionais no mercado. Sendo a mais nova da turma, com 20 anos, eu não estava pronta para lidar com isso. Acabei trancando a faculdade. Precisei de um tempo, no qual encontrei pelo caminho uma criança muito especial. Ela me fez lembrar o quão maravilhoso e gratificante é a oportunidade de criar meios de comunicação para expressar necessidades físicas e, principalmente, emoções. Neste mesmo tempo, estive no exterior e conheci uma Fonoaudiologia diferente: muito valorizada no mercado de trabalho e fortemente baseada em evidências científicas, o que me levou à  certeza de que eu poderia alcançar o sucesso com a minha profissão.

O sucesso ainda não chegou e foi duro formar. Percebi que haviam não somente muitos profissionais disponíveis no mercado, como também muitos espaços carentes da intervenção do Fonoaudiólogo e de portas fechadas para nos receber. Percebi que seria (e ainda é) muito necessário fazer um trabalho massante de divulgação da profissão, ainda tão recente no Brasil, e apresentar evidências da nossa eficiência. Para tanto, percebi a necessidade da união da classe, o que eu descobri ser um outro grande desafio, tamanha a competitividade por uma boa colocação no mercado atual! Também percebi que eu teria que investir em muito mais estudo, para ser capaz de apresentar tais evidências científicas e conquistar uma das poucas vagas no mercado que atualmente oferecem um salário digno do meu ofício.

Não desanimei. Mirei nos fortes fonoaudiólogos ao meu redor, nos que estiveram nesta busca antes de mim e que alcançaram o sucesso que eu gostaria de ter. Faço questão de citar pessoas que muito me inspiraram: as professoras Ana Tereza, Cláudia Barros, Fernanda Abalen, Camila Di Nino e Carla Menezes, além dos fonoaudiólogos Raimundo Neto e Fabrícia Araújo. Eles enfrentaram um mercado menos competitivo quando iniciaram a carreira, mas precisaram conquistar uma sociedade muito menos esclarecida sobre a ciência fonoaudiológica e um modelo de intervenção tradicionalmente médico centrado, e não multiprofissional. Também me apeguei às experiências de sucesso apresentada nos congressos e cogitei até seguir a carreira no exterior! Cheguei, portanto, à conclusão de que o sucesso da Fonoaudiologia é para os fortes fonoaudiólogos que conquistam uma sociedade, buscam evidências e até abrem mão de suas origens para seguir carreira mundo afora.

Enquanto o sucesso não vem, o que tenho hoje é o amor pelo meu trabalho e a gratidão dos pacientes pela minha intervenção e carinho. Isso me dá muita disposição e a força necessária para tentar conquistar uma sociedade ainda pouco esclarecida. Este blog, por exemplo, é uma estratégia de divulgação da Fonoaudiologia. Para conquistar um mercado de trabalho injusto, entretanto, é necessário unir forças de classe e dos demais profissionais da saúde. É decepcionante e indignante a desvalorização dos profissionais da saúde, em geral, no nosso país. O mesmo país que se orgulha de possuir um Sistema ÚNICO de Saúde, que oferece atendimento - integral, universal, igual - e  gratuito à população, não valoriza os profissionais que dele fazem parte e lutam bravamente para fazê-lo funcionar com mínimos recursos.

O ex-presidente Lula participou de uma campanha de sensibilização quanto aos cuidados da voz e demonstrou gratidão pelo atendimento recebido pelo fonoaudiólogo durante o tratamento de seu câncer de laringe, numa tentativa de valorizar a nossa profissão. Isso foi muito pouco e a classe necessita ser forte para cobrar ações. Como pode, por exemplo, o presidente do país permitir a publicação de editais de concurso público oferecendo vagas para um Fonoaudiólogo receber R$ 600 para trabalhar uma jornada de 20 horas semanais? Isso não chega nem perto da metade do investimento mensal que destinei aos meus estudos. Como podem então os gastos com estudos serem tão caros? Eu poderia prosseguir a minha indignação, com muitos outros questionamentos e exemplos de desrespeito com a nossa profissão e todo o investimento nela feito por nós. Há muito o que se falar. Mas quero apenas convidar os colegas fonoaudiólogos que almejam o sucesso a refletirem sobre a necessidade de unir forças para alcançar o sucesso de toda uma classe.

Os Fonoaudiólogos de sucesso que conhecemos foram muito fortes. Nós que estamos ainda buscando este sucesso, precisamos ser ainda mais.











terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Adoro os vídeos educativos do Dr. Selinger (Em inglês)

Dr. Craig Selinger é um fonoaudiólogo americano que produz vídeos educativos para o site About.com, com o objetivo de orientar pais a estimular a Fala e Linguagem da criança. Eu adoro esses vídeos e compartilho aqui alguns deles para os papais e mamães fluentes em inglês! Precisamos achar um Fonoaudiólogo brasileiro para fazer uns vídeos desses. Alguém se candidata? 





domingo, 28 de outubro de 2012

Palavras de conforto e força



Hoje eu só quero contar uma pequena história que li, inspiradora... para levar palavras de conforto e força para todos que estiverem enfrentando algum tipo de batalha, em especial a favor da saúde. Espero que, assim como a mim, esta história lhe emocione e motive. ;-)
Today I only wanna share with you a special story, that really inspired me... to allow you read some words of confort and strenght, for whoever is dealing with some sort of battle, specially if you are fighting against any disease. I hope you like it as much as I did!


Havia uma mulher que um dia, pela manhã, ao levantar-se, olhou-se no espelho e percebeu que tinha apenas três fios de cabelo restantes. "Bem", disse ela, "Eu acho que vou ter que fazer uma trança hoje". Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.
There once was a woman who woke up one morning, looked in the mirror, and noticed she had only three hairs on her head. "Well," she said, "I think I'll braid my hair today." So she did and she had a wonderful day. 

No dia seguinte ela levantou-se, olhou-se no espelho, e viu que tinha apenas dois fios de cabelo. "Hummm", ela disse, "Eu acho que vou ter que partir meu cabelo ao meio hoje." Assim ela fez e teve um grande dia.
The next day she woke up, looked in the mirror and saw that she had only two hairs on her head.
"H-M-M," she said, "I think I'll part my hair down the middle today." So she did and she had a grand day. 
No dia seguinte, ela levantou-se, olhou-se no espelho, viu que tinha apenas um único fio de cabelo. "Bem", disse ela, "Hoje eu vou ter que fazer um rabo de cavalo". Assim ela fez e teve um dia divertidíssimo.
The next day she woke up, looked in the mirror and noticed that she had only one hair on her head.
"Well," she said, "today I'm going to wear my hair in a pony tail." So she did, and she had a fun, fun day.


 No dia seguinte, ela levantou-se, olhou-se no espelho e percebeu que ela não tinha sequer um único fio de cabelo na cabeça. "Oba!", ela exclamou, "Hoje eu não tenho que pentear o meu cabelo!"
The next day she woke up, looked in the mirror and noticed that there wasn't a single hair on her head. "YAY!" she exclaimed. "I don't have to fix my hair today!"
Atitude é tudo. 
Attitude is everything.


Seja  mais amável do que o necessário, com todas as pessoas que você encontrar que esteja lutando alguma batalha.
Be kinder than necessary, for everyone you meet is fighting some kind of battle .



Viva humildemente, Ame generosamente, Cuide profundamente, Fale gentilmente. Viver não é esperar a tempestade passar, é aprender a dançar sob a chuva.
Live simply, Love generously, Care deeply, Speak kindly. Life isn't about waiting for the storm to pass... It's about learning to dance in the rain.


sábado, 13 de outubro de 2012

Pimentas e Saúde Mental

A minha querida amiga Maíra Barczewski me deu te presente de aniversário um livro de crônicas, Pimentas: para provocar um incêndio, não é preciso fogo, do sábio Rubem Alves. Ainda estou me deliciando páginas a dentro deste livro reflexivo e envolvente, mas acho que já passei pela minha crônica favorita: Capítulo 5. Saúde Mental.

Eu não gosto muito de publicar postagens CTRL+C/ CTRL+V - aquelas que a gente compartilha qualquer bobeira que outras pessoas estão escrevendo por aí, ao invés de dar a cara a tapas escrevendo o que a gente pensa - mas... eu acho que vai ser válido usar Rubem Alves na minha tentativa de promover saúde por meio do blog. Aliás, a rotina de trabalho tem me consumido e eu não tenho tido tempo para postar informações e experiências que eu gostaria de compartilhar por aqui. Então, não vou perder a oportunidade de fazer pelo menos essa postagem CTRL+C/ CTRL+V! ;-)

Não entendo muito bem como funciona a legislação sobre direitos autorais, mas acho que não é crime compartilhar um capitulozinho do livro por aqui - na melhor das intenções! Aqui vai... com licença, Sr. Rubem Alves...


Saúde Mental
Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.

Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecilia Meireles sofria uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou-se. Todas elas, pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.

Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem-unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa.

Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. 

Somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais"- símbolos que formam os programas e ficam gravados na memória do computador.

Nós  também temos um hardware e um software.O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Assim como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem. 

Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco, há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software, há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das pertubações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas. 

Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado.

Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e de se comover. Imagine mais, que a beleza seja tão grande que o hardware não a comporte e se arrebente de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.

Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias.

Opte por um soft modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. E muito cuidado com a música! Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir pensamentos Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o software pensará sempre coisas iguais. E há os programas obrigatórios de televisão, especialmente no vazio dos domingos.

Seguindo essa receita, você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas, como você cultivou a insensibilidade, não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus SONHOS. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram. 











terça-feira, 15 de maio de 2012

Palavra de fonoaudióloga sobre o Uso de COTONETES na orelha: NÃO USE!



"Estão fazendo a higiene das orelhinhas"? Sempre faço esta pergunta aos pais quando recebo recém-nascidos para a Triagem Auditiva Neonatal - o famoso "Teste da Orelhinha". As respostas são as mais diversas e me levaram a concluir que a obsessão pela higiene é uma cultura cultivada no brasileiro desde o nascimento. (Sim! somos obsecados por banho e por jogar água em tudo... hábitos pouco comuns mundo afora! ;-)


Muitos pais, receosos que eu lhes recrimine por não cuidarem bem da higiene do bebê, me respondem que "Sim, estamos fazendo a higiene das orelhinhas", mas eu percebo que "Não, sequer pensei que isso fosse necessário". É claro que eu não lhes condeno, pois sei que a chegada de um bebê no lar é um processo de adaptação e aprendizagem... e eu adoro lidar com esses recém "papais" e "mamães"! Outros (muitos) pais, me respondem que "Sim" e explicam como: "Devagarzinho, com cotonetes" . Poucos são os pais conscientes sobre a forma correta, quando realmente necessária, da higienização das orelhinas do recém nascido e até mesmo das nossas "orelhonas"!

Em se tratanto de orelhas, os cuidados de higiene são bem simples para qualquer idade. É importante saber, sobretudo, que a cera não é sinal de sujeira, muito menos de descuido. Ao contrário, recobrindo o conduto auditivo, a presença de cera confere proteção às orelhas quanto à entrada de microorganismos que causam infecção. Quando em excesso, normalmente, a cera é expelida naturalmente pela orelha; entretanto, algumas pessoas podem precisar de ajuda médica para retirá-la... e não de cotonetes.

O uso de cotonetes, com o objetivo de retirar a cera do ouvido, pode causar prejuízos à audição. Os adeptos dessa prática precisam entender que, ao contrário do que imaginam, a inserção do cotonete não é capar de puxar a cera de dentro para fora; ao contrário, ele tende a empurá-la para dentro da orelha, dificultando a expulsão natural e, consequentemente, favorecendo a formação de "rolhas de cerúmen." Essas rolhas, que são como bolinhas de cera que tampam o conduto auditivo, causam a diminuição da audição.

Outro risco relativo ao uso do cotonete é o de lesar as estruturas da orelha, especialmente a membrana timpânica. Mesmo que "Devagarzinho" ou "Com cuidado" o risco existe, especialmente em se tratando de crianças que não se aquietam!!!! Por isso, não se estresse em limpar as orelhas! O ideal é fazer a higiene apenas do pavilhão auricular (a parte externa da orelha), com o auxílio de uma gaze ou a pontinha de uma fralda umedecida com água. Relaxe, deixe com a própria orelha o trabalho de expelir o excesso de cera!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Universo Autista, por Miguel Gallardo



Aproveitando que ainda estamos no mês de conscientização sobre o Autismo, hoje gostaria de compartilhar com vocês um vídeo emocionante do artista espanhol Miguel Gallardo. Pai de Maria, uma criança portadora deste transtorno, ele retrata no vídeo o universo autista. 


Gallardo recebeu vários prêmios na Europa. Não só pelo vídeo, mas também pela autoria do livro "Maria e Eu", no qual ele descreve uma semana de férias com a filha, apresentando as peculiaridades de uma criança autista e o olhar dos outros para os portadores de autismo. (Leia mais em 'María e Eu', BD sobre autismo, apresentada segunda-feira em Lisboa' ).


Achei o vídeo muito explicativo; por isso, dele me utilizo para  promover a conscientização sobre o Autismo este ano no blog. Seja solidário com a causa, dedicando 5 minutinhos do seu dia para entender sobre este transtorno invasivo do desenvolvimento! Consciência evita o preconceito!


Obrigada!  




quinta-feira, 22 de março de 2012

Conhecendo a Fonoaudiologia mundo a fora


Aproveito o blog para compartilhar uma lista de links das mais diversas organizações relacionadas a Fonoaudiologia no mundo.

Esta postagem será uma boa ajuda pra você que está à procura de uma experiência profissional ou acadêmica internacional... e um bom lugar para eu mesma salvar meu links favoritos! À medida que eu souber de outras organizações, irei adicionando aqui! Se você conhece algum link interessante, por favor, compartilhe também, deixando um comentário! ;-)


FonoAudiologia



Audiologia

International Society of Audiology

Hearing International

Audiology OnLine

Academia Brasileira de Audiologia (Brasil)

MRC Institute of Hearing Research (Reino Unido)

British Society of Audiology (Reino Unido)

Canadian Hearing Society (Canadá)

Canadian Audiology (Canadá)
Société Française d´Audiologie (França)

Hong Kong Society of Audiology (Japão)

American Academy of Audiology (Estados Unidos)

Deutche Gesellschaft für Audiologie (Alemanha)

Associação Portuguesa de Audiologistas (Portugal)

National Center of Hearing Assessment and Management (Estados Unidos)


Logopedia


Royal College of Speech and Language Therapists (Reino Unido)

Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala (Portugal)

Federazione Italiana Logopedisti (Itália)

Col legi de Logopedis de Catalunya (Espanã/ Catalunya)

Deutche Gesellshaft für Sprachheilpäedagogik (Alemanha)

Fédération Nationale des Orthophonistes (França)


Formação Profissional


Escola del Patologia del Llenguatge/ Hospital de la Santa Creu i Sant Pau - Universitat Autònoma di Barcelona

The Ear´s House

Neonatal Oral Motor Assessment Scale

Bobath Centre 

Institut Guttmann - Hospital de Neurorehabilitación

Castillo Morales Therapeutic Concept

The Hanen Centre


Oportunidades de Emprego

NHS Careers

Mediplacement

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Copo x Mamadeira: por que os hospitais "Amigo da Criança" adotam o uso do copinho

O leite materno é além de um alimento uma estratégia terapêutica, pois é elaborado perfeitamente no seio da mãe para atender as necessidades fisiológicas do neonato, especialmente as imunológicas. Por isso, ele deve ser oferecido o mais precocemente possível; preferencialmente, via oral. Quando o recém-nascido hospitalizado, especialmente o recém nascido prematuro, não e capaz de amamentar - devido a imaturidade fisiolófica, condições clínicas desfavoráveis, ausência materna na unidade neonatal, aporte insuficiente de leite no seio materno, entre outros - faz-se necessário um método de transição alimentar. Especialmente quando a prematuridade é extrema, a alimentação é iniciada por meio do uso de sondas, mas o objetivo final é o aleitamento materno. Para promover o aleitamento materno é necessário estimular a função das estruturas orofaciais, principalmente a sucção, por meio da intervenção fonoaudiológica e da escolha de utensílios que se aproximem do processo fisiológico de alimentação via oral e que sejam seguros para o neonato.

O uso do copo tem sido recomendado em razão do uso das mamadeiras. As mamadeiras mostraram-se métodos desfavoráveis ao aleitamento materno por diversas razões. Primeiramente, por causar a “confusão de bicos”, uma vez que o bico da mamadeira induz a mudança do padrão de sucção fisiológico e, portanto, ideal para o aleitamento materno. Na amamentação, o neonato tem que abrir bastante a boca para acomodar o tecido do seio, protruir a língua além do lábio inferior e canolá-la abaixo da auréola; na sucção por mamadeira, o neonato suga com a boca parcialmente fechada e se ele habituar-se a este padrão, quando for amamentar no seio, poderá causar ferimentos na mama, ter dificuldade em extrair o leite e, conseqüentemente, ocasionar o desmame. O uso de mamadeiras mostrou-se, ainda, associado ao aumento de mortalidade e morbidade em países em desenvolvimento devido a dificuldade de higienização dos bicos em unidades hospitalares. Finalmente, o padrão de sucção nas mamadeiras está relacionado à hiperfunção do músculo bucinador, podendo ocasionalmente resultar em alterações motoras orais e das funções neurovegetativas. 

O uso do copo tem sido o método alternativo sugerido para promover o aleitamento materno porque evita o desenvolvimento atípico da sucção. Quando o neonato utiliza o copo, ele sorve ou lambe o leite. Sorver é uma habilidade motora oral que se desenvolve mais precocemente do que a sucção; desta forma, o neonato que está em uso de sondas devido à prematuridade pode iniciar a nutrição via oral mais precocemente. À medida que o copo é colocado na boca do neonato o leite apenas toca os lábios dele, para que consiga, por si só, dar o ritmo à própria ingesta. Desta forma é mais fácil controlar a respiração e deglutição, além de diminuir o gasto energético. Quando considerada a idade gestacional como fator isolado para iniciar a nutrição oral, o neonato é capaz de coordenar as habilidades de sucção, deglutição e respiração por volta das 32 semanas de idade gestacional corrigida; enquanto isso, existem relatos na literatura de neonatos de até 30 semanas de idade gestacional corrigida serem capazes de manter boa frequência respiratória, frequência cardíaca e saturação de oxigênio durante a alimentação por copo. Outro fator favorável a utilização do copo é a comprovação, por meio de eletromiografia, que a atividade muscular desempenhada pelas estruturas motoras orais durante a amamentação é semelhante à atividade muscular desempenhada durante o uso do copo – o que favorece o desenvolvimento harmônico do complexo orofacial. Finalmente, o copo mostra-se um utensílio simples e prático, por ser de baixo custo e de fácil higienização. 

A eficácia do uso do copo tem sido comprovada em vários estudos, por estar relacionada com o aleitamento materno à alta hospitalar. Todavia, ainda há controvérsias se o copo garante a continuidade ao aleitamento materno após a alta hospitalar. A Organização Mundial de Saúde recomenda o copo como método primordial para a transição alimentar do neonato – de sonda para o seio materno. Os hospitais com o título Amigo da Criança seguem esta e outras recomendações e apresentam, consideravelmente, melhor desempenho na promoção e adesão ao aleitamento materno ao longo do desenvolvimento infantil. 

Para alcançar os benefícios do uso do copo – evitar o desenvolvimento de padrão de sucção atípico, promover a nutrição via oral precocemente, garantir estabilidade clínica durante a oferta de dieta e favorecer o aleitamento materno – é essencial o treinamento dos cuidadores ou profissionais da saúde quanto à administração correta deste utensílio. Pais e cuidadores não devem introduzir o uso do copo sem recomendação do Fonoaudiólogo.


* Profissionais da saúde, especialmente Fonoaudiólogos, que estejam interessados em referenciais bibliográficos sobre o tema, deixem um comentário e endereço de email - tenho artigos e revisões sistemáticas muito interessantes disponíveis!